Há um ditame popular que enfatiza o seguinte: “A fé move montanhas”. O termo “fé”, no caso, não se aplica apenas à parte religiosa, em si, mas à abnegação das pessoas, em geral, quando desejam algo veementemente. É a partir daí que empreendem luta tenaz para alcançar seus objetivos E sempre conseguem.
No tocante à fé cristã, isso já comporta uma linha mais específica, de cunho ilimitado, incompreensível até aos próprios precursores dos movimentos de adoração divina. Pois o mistério da perpetuidade da fé, independente dos percalços sublinhados no percurso de vida, termina se acoplando à maioria dos casos; momento em que muitos milagres sucedem, alguns em situações distintas, impensáveis.
É mais ou menos por aí que os festeiros salesianos estão reunidos desde ontem (9) no aconchego esplêndido de paz da Casa do Sonho, em Chapada dos Guimarães – MT. Lugar quase encantado aos olhos comuns. Ali, por maior que seja a indiferença de olhares chegantes, evidencia-se uma presença de irresistível luz amorosa.
Trata-se da mesma luz que se irradia de corações já ungidos pela militância da pureza local, da comunhão confessa de ser pecador e filho em busca do perdão. Consequentemente, esse brilho logo contagia os âmagos dos semelhantes ainda descomprometidos com os ensinamentos do Pai. Muitos, aliás, amargurados por inquietudes diversas, inerentes a todos nós…
Palestra marcante
Padre Wagner, palestrante que imortalizou marco de respeitabilidade e liderança em Cuiabá, quando foi brilhante professor/diretor-geral do Colégio São Gonçalo, discorreu sabiamente ontem (9) sobre o tema “Todos Podemos Ser Santos”; palavras que não apenas extasiaram a plateia, mas que repercutiram como ensinamento precioso a dúvidas que até então prevaleciam, de forma incômoda.
Em linhas gerais, o mestre religioso fez uma viagem reflexiva sobre a visão salesiana em relação à questão da santidade no cotidiano mundial. “Apesar de todas as dificuldades e tropeços, podemos ser santos, sim, no dia a dia, no nosso compromisso com o próximo, com as pessoas”, pontuou. Wagner ainda exibiu vídeo para melhor enfatizar o teor da mensagem que proferiu aos participantes do retiro. Muitos dispersaram lágrimas sem a menor timidez, insustentáveis de ser contidas pela profundeza sincera da mensagem do sacerdote.
Padre Wagner ainda citou passagens bíblicas e pensamentos externados por Dom Bosco, que entendia residir na alegria um dos pilares da santidade. Ou seja: desde que cumpram com seus deveres, realizando-os com dedicação e amor, automaticamente as pessoas já trilham o caminho da felicidade, tornando-se amigas de Jesus e da Virgem Maria. “É uma proximidade espontânea, facultada pela visão de bem-servir e dedicar-se a fazer aquilo que os corações sugerem de modo autenticamente amoroso”, ressaltou.
A Casa do Sonho – sabe quantos lá já estiveram – proporciona emoções intempestivas, e é escape de reconciliação gloriosa do ser humano consigo mesmo. Isso acontece quando a brutalidade resistente do homem se entrechoca com a candura explícita da aceitação ao fato de que todos somos pecadores e, portanto, passíveis de errar {o que não impede, em absoluto, que possamos nos redimir dessas falhas perante Deus, a cada passo empreendido no âmbito terrestre}.
Profusão de lágrimas – Também em retiros realizados pelo Colégio Salesiano São Gonçalo com seus alunos, quando permanecem dias seguidos na Casa do Sonho, o retorno para junto dos familiares sempre acontece em meio a lágrimas de contentamento. Típico reavivar da importância de saber que somos filhos abençoados e amados pelo Pai celestial e terrestre. É um testemunho interessante da fragilidade e, simultaneamente, da força humana, por vezes ignoradas pelo próprio homem.
“Senti-me literalmente nas nuvens, como se um magnetismo especial tivesse envolvido meu corpo, meu espírito. Fui acometida de uma sensação de doce enlevo, de proximidade com Cristo, com Nossa Senhora”. Eis uma das expressões alardeadas pelos festeiros na Casa do Sonho. Não fogem em nada ao sentimento que também irrompeu dominante em minha alma.
Quando se trata de Maria, por sinal, tudo assume uma conotação diferenciada, sublime, disseram todos. A Mãe de Cristo continua a ser referência milagrosa e condutora dos passos de cada criatura do Planeta. E a singela lembrança do Seu nome já foi motivo de impacto emotivo nos participantes desse retiro. Nenhum deles disse ter dúvidas de que a Virgem havia se integrado ao grupo na Casa do Sonho desde a partida, em Cuiabá. Ou melhor: Nossa Senhora é presença Viva, sempre, concluíram.
Desse modo reflexivo, hoje (10) pela manhã os festeiros se quedaram diante da paisagem chuvosa que envolveu a Casa do Sonho e as cercanias verdes da região chapadense. É como se cada gota de chuva, pródiga em amenizar o calor, também fosse capaz de ungir de energia maravilhosa todo o grupo salesiano. O olhar de contemplativo de cada atestou naturalmente que a Santa Mãe é Presença contínua nos nossos movimentos. A Casa do Sonho, enfim, cumpriu, mais uma nobre missão anfitriã de infindável amor…
Por Jane Aparecida da Silva, com colaboração de João Carlos de Queiroz, jornalista