Caminhoneiros ainda se queixam do “fracasso” da greve nas redes sociais. Uma minoria queria intervenção militar

Redação Site O povo brasileiro não perdeu nada com o fim da greve dos caminhoneiros, pelo contrário: ganhou, e muito. Ganhou tranquilidade, satisfação pelo retorno dos serviços paralisados {nos quatro cantos do território}, e ganhou algo mais importante: saber que a sobrevivência humana está acima de qualquer movimento político-partidário, por mais representativo que seja o elenco reivindicatório e maciça participação. Mas uma minoria rebelde de caminhoneiros parece não ter entendido isso,  pois insiste em reclamar da falta de apoio à greve nas mídias sociais.

A bem da verdade, agora querem descarregar a culpa do fim da paralisação nos ombros de muitos que sequer nunca pisaram num caminhão, conforme postagens indignadas. Uns chegam a dizer em alto e bom som: Agora, aguentem: somos escravos e vamos continuar escravizados por esse governo!”

O fato é que uma minoria de profissionais do voltante, aliados a grupos esquerdistas, deseja unicamente que os militares assumam o controle da Nação, destronando Michel Temer e destituindo o Congresso Nacional. Veem no retorno da ditadura militar a única solução plausível para as crises econômica e social do País.

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Mesmo com o fim da greve, os reflexos impactantes do movimento persistem em  vários estados. Em Mato Grosso, muitas farmácias registram prateleiras vazias, e produtores leiteiros têm jogado fora a produção por dificuldades de transporte. Também falta gás de cozinha em várias cidades. Rondonópolis é uma delas. Outro setor afetado: produtos hortifrutigranjeiros estão apodrecendo pelo mesmo motivo. Para espanto de muitos, os descontos de R$ 0,46 centavos no litro do diesel ainda não chegaram às bombas. Em Várzea Grande, o Aeroporto Marechal Rondon cancelou 12 voos hoje (1), o que representa 23% das viagens diárias. Segundo a Infraero, o abastecimento foi normalizado no final da tarde.

É uma paralisação que deixou elenco desolador para todos os níveis empresariais e o trabalhador comum. É preciso, assim, que os caminhoneiros entendam algumas coisas:

a) brasileiro que preza a sua liberdade, de ação e expressão, e que é adepto de independência para progredir, também é avesso a qualquer regime do gênero, seja aqui ou em outros pontos do Planeta. Pesquisas apontam que a simples lembrança da ditadura militar vivenciada no Brasil já impõe inquietude geral;

b) as justas reivindicações do ex-movimento dos caminhoneiros, mais centradas na redução de preço do óleo diesel (com reflexos em outros derivados do petróleo), até aliviam parcialmente o orçamento doméstico das classes média/baixa. Porém, não significam nenhuma medida resolutiva à crise econômica do País {que o governo Temer rebate veementemente existir);

c) Temer, por sinal, é fruto de aliança entre PT e o antigo PMDB, vice que, durante o reinado petista, empreendeu mobilizações estratégicas para imprimir uma esperança de que as soluções brasileiras estavam em suas mãos, posto que, enquanto mero vice, não tinha espaço nem poder de mobilização, sendo figura decorativa no Planalto. Declarações que recrudesceram a insatisfação do povo e, de certa forma, podem ter acelerado o processo de impeachment de Dilma.

Explanados tais pontos, citamos o mais importantes de todos, responsável por implodir o recente movimento grevista que, a certa altura, desencadeou conflitos sangrentos com a infiltração de anarquistas políticos e grupos contratados por empresários do ramo transportador: brasileiro nenhum vai apoiar uma greve que tira até o sustento de sua família.

Dá pra imaginar o desespero de um pai que não tem um litro de leite em casa e assiste seus filhos chorando de fome, enquanto dezenas de milhares do produto são jogados fora, por falta de transporte…

Então, as postagens de queixumes de parte da categoria não procedem. Mesmo porque, para o povão, os caminhoneiros detêm seus méritos, mas não representam nenhuma bandeira salvadora da Pátria, visto que militam apenas em prol dos seus próprios interesses.

Precisaria haver unanimidade para o avanço lúcido de qualquer debate acerca das imposições prejudiciais dos órgãos governamentais sobre o povo, particularmente sobre a miséria nacional provocada pela corrupção deslavada na área política, cujos reflexos estão visíveis em cada favela de famintos. As próximas eleições representam oportunidade legal de banir esses corruptos do Planalto e substituir o presidente, sem que a rampa palaciana se transforme em acesso de poder único dos militares.

Portanto, a única exceção destoante da fenomenal greve que os caminhoneiros inicialmente desencadearam, antes de perder seu controle, está centrada no retorno da ditadura, tema que deveria ser extirpado e até excomungado previamente de qualquer debate nacional. As sábias palavras do ministro Luís Barroso, do STF, sobre o interesse de uma minoria da população favorável à ditadura militar, sintetizam tudo: “Essas pessoas {que defendem o retorno da ditadura}  nem imaginam o que isso efetivamente significa, além da perda da liberdade. Quem conheceu o regime militar da ditadura, sabe exatamente do que estou falando”.

 

 

 

 

 

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