Não dá para não sentir medo quando você acorda de madrugada e, lutando contra a insônia persistente, começa a ouvir barulhos estranhos pela casa: passos, panelas caindo, portas se abrindo ou vozes… O pior mesmo é ser surpreendida por uma estridente gargalhada de bruxa, figura assombrada aparentemente próxima na área, em função da força desse sinistro gargalhar. Momento em que os olhos da “vítima”ficam esbugalhados de pavor, clara expectativa de ver algo terrível…
Dias atrás, uma conhecida minha passou por sufoco semelhante. Segundo descreveu, o grito irrompido no seu quarto tinha clara semelhança com as sonoras risadas de bruxas em filmes de terror. Ao informar o sucedido à mãe, ela discordou. “Bruxa?! Pode ser apenas uma coruja piando, filha…”, tranquilizou a genitora.
Lógico que a tese materna não a convenceu: a gargalhada que estrilou repentinamente nos seus ouvidos, alquebrando a quietude de uma noite fria em Cuiabá, coisa rara, tinha semelhança incrível com o estardalhaço de bruxas ao comemorarem maldades concretizadas. Também os rompantes de uma hiena se assemelhariam àquilo que ela jura ter ouvido naquela noite…
Ela suspeita ainda que esse grito pode ter sido um dos agravantes da insônia que se tornou vilã impiedosa no seu cotidiano durante longo período. Inclusive, minha amiga passou a ficar com inveja das pessoas que dormiam placidamente até o dia seguinte, sequer se lembrando dos sonhos recentes. No seu caso, era somente um mal-estar geral, pois já amanhecia prostrada por forte cansaço mental. “Recorri a Deus e às orações, e essa tortura finalmente acabou”, vangloria-se hoje.
A fé bíblica, pelo que descreveu, foi o principal instrumento que utilizou para debelar a insônia. Tornou-se eficaz antídoto para reacender a normalidade do sono, sem ser preciso recorrer a tranquilizantes. No entanto, antes que esse procedimento fosse adotado e resultasse em boas noites de sono, ela sofreu todo tipo de inquietudes possíveis e se sentiu largamente oprimida, como se estivesse à parte do mundo real.
Não raras vezes, conforme citou, ficou à espera do sono à porta de sua casa, observando candidamente o vai e vem de retardatários na noite avançada, movimento gradualmente escasso. Observações que se tornaram costume diário, a fim de garantir que o sono inicial tivesse continuidade também madrugada adentro, não sendo interrompido exatamente às 3h.
“Até que conseguia dormir umas horas. Depois, acordava e não tinha mais jeito de o sono voltar. Ficava então com os olhos estatelados no teto, à espera dele. Os cochilos só aconteciam mais no raiar do dia. Perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu. Meu medo maior foi ouvir aquela gargalhada de bruxa…”
Esse tempo está rotulado atualmente como passado na agenda de esquecimento, fez questão de frisar. “A Bíblia é a segurança que dispomos para estar próximas a Deus. E todo o desconforto espiritual e físico pode ser banido pela fé nas palavras de Deus. Sinto-me agora plenamente reavivada de forças para enfrentar todos os problemas comuns da vida. O sono que faltava em minhas noites retornou à sua normalidade. Nem sonhos ruins tenho mais, aqueles em que caímos em buracos sem fim e outras coisas amedrontadoras. Tudo isso porque Deus está a meu lado…”
Por João Carlos de Queiroz