Redação Site – As buscas pelas vítimas do incêndio que implodiu um prédio no centro de São Paulo, Largo do Paissandu, ainda prosseguem. Ontem à noite, perto das 22h, os bombeiros encontraram um corpo masculino sem cabeça e sem indícios de queimadura, mas com dilacerações diversas.. Inicialmente, a suspeita era de que se tratava do carregador Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, mais conhecido por “Tatuagem”. Isso foi confirmado no final da noite de hoje (4) no Instituto de Criminalística. Os dados (blusa azul, tatuagens) conferiam com os do homem que a equipe tentou resgatar na madrugada do incêndio, no oitavo andar, quando o edifício desabou subitamente e ele caiu. O corpo de Ricardo ainda estava com cinto de segurança (dos bombeiros) e foi localizado perto do para-raios do condomínio, quadrante 01, informações do coronel Max Mena, comandante dos Bombeiros.
A localização desse primeiro corpo só foi possível porque a cadela Vasty, um dos cães farejadores utilizados pelas equipes, sinalizou que havia algo nos escombros daquele setor, intensificando-se escavação no local por 22 horas, escombros de mais de seis metros, quando finalmente o corpo foi encontrado. Para identificar a identidade, foram feitos exames papiloscópicos. As impressões digitais de Ricardo estavam preservadas, observou os peritos. O cadáver havia sido encaminhado ao Instituto de Criminalística da capital paulista.
Até agora, conforme dados do Corpo de Bombeiros, outras cinco pessoas ainda são dadas oficialmente como desaparecidas, entre elas a catadora Selma e seus dois filhos gêmeos, justamente os que Ricardo tentava salvar quando o prédio veio abaixo. Também não foram localizados Eva e Walmir, casal muito conhecido na vizinhança, desaparecido desde a eclosão do incêndio. Muitos animais pereceram nesse sinistro, abandonados quando da evasão maciça de moradores às pressas.
O mistério reside agora em saber exatamente quais foram as causas do incêndio, pois a perícia não confirmou ter sido por curto-circuito, afirmação anterior do secretário de Segurança de São Paulo, Mágino Alves. Na opinião do chefe de Criminalística, Maurício Rodrigues Costa, somente após mais estudos é que os peritos poderão chegar a uma conclusão final sobre isso, o que demandará prazo indeterminado.
Alguns moradores disseram que o incêndio começou após curto-circuito nas instalações precárias, as chamadas “gambiarras” ou populares “gatos”, feitas a partir de fiação improvisada e sem condições de comportar maior volume de energia. Um deles chegou a dizer ter visto fogo atrás da geladeira, momento em que suspeitou que toda a fiação do prédio já poderia estar incandescente e o fogo iria se alastrar. Três pessoas ainda estão internadas com queimaduras. Há suspeitas de que o fogo tenha começado no apartamento que ocupavam.
Há também quem defenda que o incêndio surgiu após explosão de botijão de gás entre o quinto e sexto andares, e não em decorrência de curto-circuito. O prédio inteiro, declaração dos próprios moradores, não oferecia a menor segurança, e as suas dependências eram separadas com madeirite, material de alta combustão.
Um síndico de prédio vizinho disse ter observado há tempos visível inclinação do referido edifício após o décimo andar, motivo pelo qual não era ocupado a partir daí. Entrevistados, a maioria dos moradores disse que não desconhecia esse perigo, mas continuava a residir no imóvel simplesmente por falta de opção de moradia. O Ministério Público de SP, ano passado, determinou a desocupação preventiva do prédio após laudo pericial que apontava riscos de incêndio e desabamento no local.