Após incêndios, catadores da ASSCAVAG recebem equipe de psicologia do Projeto integrador “Resiliência e desafios psicossociais”, da UNIVAG

O incêndio que ocorreu no dia 12/10/2023 trouxe aos catadores da ASSCAVAG (Várzea Grande-MT) grande prejuízo material, onde perderam equipamentos essenciais ao desenvolvimento do empreendimento, cargas formadas. Soma-se a isso o baque emocional; mas os catadores vêm lutando para reerguer o empreendimento.

Pensando nessa dificuldade, a equipe do Projeto integrador, que tem como objetivo desenvolver competências profissionais importantes para o curso de psicologia, com o intuito de apoiar os catadores nesse momento tão difícil, realizou a intervenção Saúde mental – tema “Resiliência e desafios psicossociais: um estudo da saúde mental entre catadores de materiais recicláveis.

“Nós tivemos o intuito de falar sobre saúde mental entre os catadores de materiais recicláveis e orientar sobre onde procurar ajuda”, informou Raissa Freitas, Palestrante.

Universitárias explanaram a importância do projeto/Créditos: assessoria

Para a aluna de psicologia, Pamela Pádua, a inclusão produtiva dos catadores é uma questão multifacetada, abrangendo aspectos sociais, econômicos e ambientais. Em locais estruturados, pontuou, os catadores desfrutam de condições seguras, instalações adequadas e oportunidades de renda e reconhecimento, contribuindo para práticas ambientais mais sustentáveis”.

Por outro lado, em uma comparação com os catadores de Alto Araguaia, a exemplo da Associação de Catadores Araguaia Recicla, que ainda não possuem estruturação adequada, o trabalho em lixões expõe os catadores a condições precárias,   com remuneração inadequada e falta de reconhecimento, resultando em impactos negativos à saúde e meio ambiente.

“A eficácia das políticas públicas e intervenções governamentais são importantes e devem desempenhar um papel crucial na transição desses trabalhadores para ambientes estruturados, buscando melhorar a qualidade de vida, promover a inclusão social e estabelecer práticas mais dignas e sustentáveis. O engajamento conjunto da sociedade, governo e setor privado é essencial para esse processo abrangente”, ressaltou Pádua.

De acordo com Valquíria Pereira, perder o fruto de tanto trabalho e esforço não é fácil, mas essa intervenção ajuda a fortalecer o psicológico dos catadores para um novo recomeço. “Saber que existem pessoas que apoiam e admiram nosso trabalho, é tão digno como qualquer outro. Enquanto existir esperança há um recomeço. Só tenho que agradecer e parabenizar aos catadores da ASSCAVAG pelo esforço e resiliência”, disse a presidenta da associação.

Para integrante do projeto, Kariny Rodrigues, “é importante cuidar da saúde mental não somente quando há uma catástrofe ou situações de emergências, mas em qualquer momento da vida”. Citou que foi primordial ser abordado esse tema, para que saibam que o sofrimento psíquico e sentimentos de tristeza e solidão podem ser tratado a partir da supervisão de profissionais. “E onde encontrar esse tipo de ajuda?” – questiona-se eventualmente, citou Rodrigues.

Ela informou que a equipe é composta por seis alunas do 4º semestre de psicologia do Centro Universitário de Várzea Grande- UNIVAG, além do Professor Guilherme Duarte, que orienta e supervisiona a equipe.

Kátia Nabiane é uma das lideranças nacionais da causa dos catadores de material reciclável/Divulgação/Assessoria

Para a catadora Kátia Nabiane, essa situação que ASSCAVAG vivencia para conseguir apoio do executivo de Várzea Grande é muito difícil. Citou que os profissionais catadores estavam estruturados e agora têm que começar de novo.

“O que não é diferente dos catadores dos municípios do interior, como Alto Araguaia, onde as solicitações de apoio para estruturação do empreendimento Araguaia Recicla, pelos catadores e comunidade local, em cumprimento da a Lei 12.305, é ignorada pelo Poder Público, Executivo e Legislativo”.

Segundo a dirigente da entidade, os catadores estão encontrando mais facilidade em conseguir interlocução e resposta às reivindicações da categoria junto aos gabinetes parlamentares da ala estadual.

“As prefeituras e  Câmaras Municipais deveriam se conscientizar da importância de apoiar o trabalho dos catadores, em função da grande importância que representam para a Saúde Pública e preservação ambiental. É um recado direto aos prefeitos e vereadores. Trata-se de tema de grande relevância comunitária”, concluiu.

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