Por Pollyanna da Silva Queiroz – Editora – Os gols de Philippe Coutinho e Neymar Jr. salvaram o Brasil hoje (22) nos minutos finais do segundo tempo contra a equipe da Costa Rica. A aposta geral era de que esse jogo também terminaria em empate, a exemplo do embate de estreia (Brasil x Suíça), desfecho de placar decepcionante. Aos 14 minutos finais do jogo, bateu desespero, e por pouco Marcelo, ao cruzar para Philippe Coutinho, não conseguiu o gol tanto perseguido.O Brasil conta agora com quatro pontos.
A Seleção Brasileira teve uma média de 67% de domínio de bola. O tempo se tornou o grande inimigo dos brasileiros, aparentemente travados para vencer a ferrenha defesa adversária. Os costa-riquenhos tentaram manter marcação dura, mas recuaram na maioria das vezes. Neymar Jr. perdeu incontáveis chances, incluindo chutes a gol e um sem número de bolas na linha de fundo, via cruzamentos.
Philippe Coutinho, eleito o melhor jogador em campo, fez por merecer aplausos efusivos dos torcedores e da comissão técnica da CBF ao sequenciar jogadas táticas precisas e conseguir o gol. Já o trôpego Neymar Jr., apelidado de “cai cai”, apenas complementou uma “jogada de presente”, e imprimiu toque impreciso de joelho. Porém, suficiente para que a bola resvalasse direto para o fundo da trave, segundo gol. Estouro comemorativo de torcedores brasileiros no mundo todo.
Nem o próprio Neymar, a princípio, acreditou que tivesse conseguido marcar, contorcendo-se em caretas infantis. O atleta, ainda considerado a maior esperança da Seleção, chorou copiosamente em campo no término da partida. “Choro significativo, pois ele (Neymar) sabia que estava bem abaixo daquilo que projetou para realizar na Copa”, interpretou o comentarista Galvão Bueno.
Para o ex-craque Ronaldinho, o “Fenômeno”, também comentarista da Globo, o choro infantilizado de Neymar expôs a pressão imensa que ele sofria em todos os aspectos, principalmente por ter passado por um processo de cirurgia e ter se recuperado fisicamente somente há pouco tempo. “Neymar vem de uma lesão grave, não podemos nos esquecer disso”.
Outro ex-jogador brilhante, Casagrande, igualmente empossado no time de comentaristas globais, endossou a opinião do colega Ronaldinho: “Concordo plenamente. A pressão em cima de jogadores geniais realmente impõe desequilíbrio psicológico. Foi um gol merecido. Neymar brigou o tempo todo para marcar. Ele não foi genial hoje, mas o lado coletivo do atleta – de compartilhar jogadas – funcionou. Passou a jogar mais à frente. Ele estava precisando do “seu momento” no jogo”. O choro demonstrou isso”.
Roger Flores, comentarista, ex-jogador, disse que estresse é comum em jogadores que sofrem pressão intensa para mostrar o futebol que todos conhecem dele e querem que se repita numa Copa do Mundo. Não é fator impeditivo, ressalvou, para que os atletas mostrem aquilo que sabem, ao invés de ficarem dispersos durante a partida, a exemplo de Neymar.
“Ele estava irritado, preocupado apenas em se jogar. Tomara que esse gol tire essa responsabilidade dos seus ombros e o libere efetivamente em campo. Também Marcelo não mostrou a essência de seu talento nesses dois jogos da seleção. Espero que, no jogo contra a Sérvia, isto aconteça com ambos”.
Os comentaristas foram enfáticos em relação ao pênalti sofrido por Neymar, marcado pelo juiz e descaracterizado pelo árbitro de vídeo. Segundo o ex-juiz de futebol, Arnaldo César Coelho, foi pênalti. “Tanto que, ao ver o lance, já gritei pênalti!, e o juiz então marcou. Aí, ele (juiz) foi checar as imagens do árbitro de vídeo e anulou. Faz parte do jogo valorizar o pênalti. É algo comemorado pelo time, abre uma possibilidade concreta de gol. Talvez o exagero de gestos de Neymar possa ter induzido essa anulação. Se o jogador valorizar demais o pênalti, vai chamar a atenção, e o lance todo fica meio teatral, pode ser anulado. Acho que isso aconteceu hoje”.
Ronaldo, o “Fenômeno”, sintetizou que o lance todo foi emblemático. “Neymar estava armando para chutar e foi impedido, claro pênalti. Uma vez que o Brasil venceu por 2 x 0, ninguém mais fala desse pênalti. O torcedor só quer a vitória, não importa outros episódios do jogo. Se a seleção não tivesse marcado nenhum gol, certamente que esse pênalti ainda estaria sendo comentado maciçamente”.
Jogadores comentam sobre o jogo
Eleito o melhor jogador no jogo de hoje, Philippe Coutinho admitiu que o embate foi difícil desde os primeiros minutos, em face da forte retranca imposta pelo time adversário nos dois tempos da partida. “Sentimos isso desde o início. Mas, no final, quando nem tínhamos mais esperanças de marcar, eis que surgiram oportunidades preciosas, e não perdemos tempo. Fomos premiados com dois gols por atuar como um grupo determinado em busca da vitória. E ela aconteceu”.
Para Miranda, essa vitória foi providencial para a seleção, que realmente precisava de incentivo. E a estratégia agora é buscar outras finalizações do gênero, anunciou: “Temos que pensar a Copa jogo a jogo”.
O zagueiro Gabriel Jesus já admitiu que o jogo transcorreu de forma complicada, enaltecendo a forte marcação adversária. “A Costa Rica fixou posição de retranca o tempo inteiro. Isso dificultou nossas mobilizações. Vencemos por pura garra, jeito brasileiro. Nenhum jogador gosta de passar por sufoco semelhante, buscar um gol que não acontece, de olho nos minutos finais do jogo, o que impõe necessidade de fôlego extra. Já víamos ali as críticas estampadas na imprensa inteira, cobranças duras. Temos em mente a responsabilidade e orgulho de ostentar uma camisa que representa mais de 200 milhões de brasileiros. O sonho da conquista da Copa do Mundo é nossa e dos conterrâneos. Só que não precisamos sofrer tanto”.
Thiago Silva: “O final da partida significou alívio e comemoração geral. Houve preocupação intensa durante todo o jogo, pois o gol simplesmente não saía. Mas, em nenhum momento deixamos de acreditar. O resultado premiou o melhor em campo. Vamos tentar seguir essa linha e buscar sempre a vitória. Fizemos uma excelente partida, todos puderam testemunhar. O caminho é continuar acreditando que somos capazes de levar o troféu da Copa para o Brasil, não permitindo que a equipe desacredite dessa possibilidade”.
O jogador ainda comentou rapidamente sobre o pênalti: “Difícil argumentar numa situação semelhante. Faltavam poucos minutos para o encerramento do jogo. Se fôssemos debater, não teríamos mais nenhum minuto para tentar algum gol. Lamentável que o juiz tenha decidido anular o pênalti. Pois ele foi válido, todos viram”.
Conforme outro atleta, Douglas Costa, a disputa foi dura. “Fico feliz pelo resultado obtido. A seleção se esforçou muito e conseguiu seu objetivo. Estamos corrigindo o percurso para chegar a outros bons resultados. Disputas de Copa do Mundo exigem desempenho excepcional. Não é – e nem nunca será – uma competição qualquer”.
O treinador da seleção, Tite, que tropeçou e caiu ao correr para comemorar o primeiro gol, admitiu que a equipe brasileira ainda precisa melhorar bastante. “Por enquanto, o time está se consolidando. É um processo de clara maturação. O molde pretendido se consolida no decorrer da competição”.
Tite justificou que caiu porque estava mesmo no auge da pressão emocional. “Confesso que aquilo mexeu com meus nervos. Afinal, a seleção manteve um ritmo agressivo para buscar o gol, que não acontecia diante de tantos esforços do grupo. Desempenho que considero bom e que pode melhorar. Em termos criativos, e de construção, estamos ainda devendo”.