(PARTE II)
Belo Horizonte – Quase perto das 22h, a Avenida Afonso Pena estava relativamente calma. Assim encontrei a principal via de acesso do centro belo-horizontino, acelerando forte para chegar logo à casa da madrinha. O horário, levemente avançado realmente preocupava: teria ela já dormido?
Pensei em mil desculpas para convencer a tia a deixar minha moto dentro do seu apartamento. Isso porque o Edifício Riachuelo, número 855, imóvel antigo, comum, era desprovido de garagem.
Os anéis da Mini trincaram feio ao subir a Rua Rio de Janeiro e cruzar a Rua Tupis. “Aguente firme aí, mocinha, estamos chegando! Amanhã cedo você recebe coração novo!”
Mal parei na entrada do prédio, o síndico Antônio saiu e me olhou interrogativamente Cumprimentei-o entusiasmado, mas não foi recíproca a cordialidade.
– E essa moto aí, vai fazer o quê? – sibilou resposta fria ao meu cumprimento.
– É minha… Trouxe para arrumar motor. Está batendo anéis… – informei também gelado.
já empurrando a Mini corredor adentro, para estranheza do síndico. Ele me seguiu sem dizer nada, e eu lá, esperando algum senão proibitivo à entrada da pequena no prédio.
– Tudo bem, senhor Antônio: minha tia está me esperando – disse pra evitar ser barrado ainda no térreo.
O elevador de serviço, o carregador de defunto, caso que relatei recentemente, chegou bem barulhento. Em outras visitas, presenciei ele ser consertado várias vezes.
O síndico segurou a porta enquanto introduzi a moto no espaço retangular. Apertei o botão 12, meio apreensivo, e subimos até o apartamento 1.203, da madrinha. Seja o que Deus quiser…