Se a mulher bebe demais, fica vulnerável; se coloca uma roupa curta, está provocando; se sai sozinha, está facilitando; se está em um lugar de poder ou chefia, foi amante de alguém pra chegar até lá; se passa por uma gravidez indesejada e quer abortar, é assassina; se quer fazer uma entrega legal, é irresponsável; se apanha, é porque provocou, e por ai vai… E mais uma vez me pergunto o fato de as pessoas odiarem tanto nós mulheres.
Porque é difícil quando não podemos escolher o que vestir sem pensar duas vezes, sem imaginar uma ocorrência de conhecidos e desconhecidos em suas roupas.
É difícil quando nós temos que mudar de caminho por falta de iluminação, porque tem um grupo suspeito de homens ali na frente ou, pior, porque temos medo de passar por um determinado lugar. Cadê nossa liberdade de ir e vir?
Só quem é mulher sabe o quanto é difícil crescer com padrões a serem cumpridos. Mãe, irmã, prima, amiga, celebridade: cada uma com objetivo inalcançável, como algo impossível de ser imitado. E ai de você se por acaso se destoar de quem está ao seu redor!
Perdoem a minha revolta, mas nós, mulheres, não temos direito nem de dar um basta! em um relacionamento abusivo, sabe por quê? Porque podemos ser feridas das mais cruéis formas, e até tirarem nossa vida. Atualmente, somos resumidas em um corpo sangrando e, na maioria das vezes, no meio da rua.
E sabe o que mais me machuca? Mesmo diante de ações efetivas contra a violência doméstica, os números são alarmantes, pois as mulheres continuam sendo abusadas, violentadas, agredidas e mortas. AHHH, dirão alguns: “Mas temos a Lei Maria da Penha!”, Lei nº 11.340 (BRASIL, 2006). De fato, é um dos maiores mecanismos que foi criado para nos defender. E mesmo assim vivemos em um ciclo de violência e temos nossas vidas ceifadas. Será que estamos diante de medidas que são bonitas na teoria e na prática falham?! TALVEZ…
Temos uma cultura e uma história que não nos favorecem, comportamentos enraizados no nosso inconsciente, tanto das mulheres como no dos homens, que levará tempo para se desprender.
Enquanto isso, vamos tentando ser livres do jeito que é possível, cobrando das autoridades uma posição justa e não nos calando diante de crimes, muito menos de criminosos!
Que um dia a mulher possa apenas SER!