Abílio Matheus, desenhando o amor pela profissão
O servidor público Abílio Matheus explicita nas palavras e gestos toda a intensidade emocional que emoldura seus passos profissionais: há amor confesso no que faz e sempre fez. Amor interligado à paixão residente no universo das letras e no manuseio hábil e atencioso do processo de criação. A aposentadoria não conseguiu refrear essa habilidosa impetuosidade artística do exemplar funcionário. Cuiabá é quem ganha com esse presente de puro desprendimento...
Júlia Milhomem – Amor à profissão. Assim pode ser resumida a vida do servidor público da Prefeitura de Cuiabá, Abílio Matheus, de 72, da Secretaria de Planejamento. Natural de Vaiporã, cidade do interior do Paraná, Abílio começou a trabalhar aos 14 anos em uma colonizadora. Empresa de comercialização de terrenos rurais, medições de áreas, montagem de infraestrutura básica para loteamentos e planejar cidades.
Era o ano de 1960 quando ele se apaixonou pelo seu primeiro emprego, profissão na qual atua até hoje. Porém, atuou em outros ares: na gerência de Cartografia no Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (IPDU), da Prefeitura de Cuiabá.
A trajetória até o IPDU cuiabano teve início alguns anos após seu primeiro emprego, período em que passou no concurso da Prefeitura Municipal de Vaiporã como desenhista e projetista, permanecendo no cargo até 1991. Na sequência, recebeu uma proposta de emprego em Mato Grosso, Cuiabá.
A nova empreitada relembrou o início de sua paixão, pois o trabalho era em uma outra empresa colonizadora, que naquela época mapeava a região de Aripuanã. Abílio então ficou sabendo que a prefeitura da capital mato-grossense iria realizar um concurso em sua área.
O final dessa história foram 26 anos como gerente de Cartografia da Prefeitura de Cuiabá, atualmente em regime de aposentadoria. Engana-se quem acha que Abílio conseguiu ficar afastado de sua paixão: com o processo de aposentadoria concluído em março deste ano, o servidor pediu para ser recontratado, pois, segundo ele, não aguentaria ficar em casa, sem manter contato com as pessoas.
“Uma das coisas que mais gosto na vida é ter esta aproximação com as pessoas; ajudar quem precisa, dedicar-me o máximo que puder, seja procurando um mapa e auxiliando todos. Às vezes nem é atribuição da minha área. Porém, se vejo alguém precisando, eu atendo. Me identifico demais com o tema da humanização. Era disso que a nossa sociedade estava carente, desta preocupação, desta atenção”.
Abílio Matheus conta que, quando começou a atuar no IPDU, percebeu que Cuiabá tinha uma carência: o mapa que existia era defasado e precisava de atualização. Foi quando reuniu uma força-tarefa com 200 servidores para criar um Plano Diretor e desenhar então a sua maior paixão.
“Juntamos uma base cartográfica que já tínhamos, em conjunto com informações de voos, de 1982. Eu desenhava o loteamento e reduzia manualmente. Em 2005, houve outro voo na cidade e terminamos de mapeá-la. Tivemos trabalho, mas agora fazemos apenas a atualização dos bairros, das ruas e das avenidas”, relembra.
O orgulho e paixão levou Abílio a ter absoluta certeza e convicção de que, a partir da profissão e dos mapas, que eram feitos manualmente, desenvolveu-se o aperfeiçoamento da caligrafia.
“Hoje, para mim, a caligrafia é um hobby, pois tenho em casa um escritório, e trabalho escrevendo em convites, fazendo certificados, títulos e diplomas. Me dedico interinamente à caligrafia e aos mapas. Sempre brinco ao dizer: tenho Cuiabá nas mãos”, frisou com inteira satisfação.
Aos 72 anos de idade, Abílio se vê como um homem realizado e atualizado, já que passou pela fase da transição entre o manual e a tecnologia. Porque, segundo ele, “a pessoa tem que querer acompanhar toda a evolução”.
História de vida repleta de orgulho e dedicação
Profissional gabaritado, ele conta com a especialização da caligrafia e mais de 10 certificados, a exemplo de Contabilidade, Agrimensura, Georeferenciamento, Geo Processamento, graduações em Cartografia, Topografia, entre outros.
“Tem gente que para no tempo. Eu acho que nunca irei aceitar ficar sem me atualizar, sem estudar. Me lembro que, assim que entrei na prefeitura, tive a oportunidade de fazer vários cursos para aprimorar ainda mais a minha profissão. E me lembro que, às vezes, começávamos o curso com 30 servidores, e quem geralmente terminava era eu mais dois”.
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