Tiros contra a caravana de Lula “disparam” popularidade do ex-presidente, agora na mira simpática do eleitorado
Autoridades ainda investigam indícios na área de ataque para tentar chegar ao autor ou autores dos tiros
Redação Site – Ainda que o fato tenha sido covarde e lamentável, inadmissível sob quaisquer argumentos humanos e políticos, os tiros disparados contra a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiram diretamente os pés dos seus autores, ainda desconhecidos, porém na mira de investigações acirradas das Polícias Federal e Civil. Isso porque o ataque misterioso recrudesceu o propósito petista de transformar seu líder num mártir de perseguição implácável. Esses tiros foram, em tese, a melhor coisa que poderia ter acontecido na jornada empreendida por Lula para tentar recuperar seu antigo prestígio e forçar o Judiciário a lhe conceder salvo-conduto também rumo à Presidência da República.
A poucos dias de novo julgamento de recurso do habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal, Lula corre contra o tempo para se livrar das condenações impostas pelo juiz Sérgio Moro e STF-4, que totalizam 12 anos e um mês de detenção. De quebra, quer ser ainda inocentado de denúncias do Ministério Público e ter passagem livre rumo à candidatura ao antigo cargo de mandatário presidencial. Pesava contra ele, até então, rejeição maciça, a ponto de os próprios partidários – em algumas cidades por onde a caravana passou – se integrarem aos grupos de protesto, exibindo cartazes, bonecos de Lula {com uniforme de presidiário}, e lançando ovos contra a comitiva durante eventos em praças e locais fechados. A liderança petista viu aí um sinais de queda irreversível ao abismo negro da impopularidade. O que emoldurou a iniciativa da caravana do PT de fiasco total. Era essa a concepção então formatada pelos estrategistas petistas.
Agora que tiros eclodiram no silêncio da noite, acertando as laterais de um dos ônibus da caravana, nova roupagem carismática foi destinada ao ex-presidente, confeccionada ponto a ponto por várias agremiações partidárias e a cúpula geral da Segurança Pública Nacional. A solidariedade partiu de alas distintas do Congresso Nacional (Câmara, Senado, Planalto) e mesmo de ramificações políticas até então opositoras “à volta” de Lula ao poder. O próprio Judiciário emitiu parecer de contestação ao ataque sofrido pela caravana, mobilizando forças para investigar sua autoria e levar os autores à cadeia.
Para reforçar mais essa onda de perseguição que paira sobre justos e/ou injustos em todo o País, também o ministro do STF, Édson Fachin veio a público, em entrevista à Rede Globo, denunciar que seus familiares têm sido vítimas de ameaças frequentes. Fachin ganhou estupenda notoriedade no Judiciário por ser o relator dos processos da Lava-Jato, e as ameaças a seus familiares levanta imediata conclusão de que querem é simplesmente calar sua boca, pois ele estaria incomodando graúdos. O recado é claro: ou Fachin para de incomodar (leia-se denunciados na Lava-Jato), ou seus familiares podem sofrer nefastas consequências. Isso ocasionou nova mobilização das forças de segurança brasileira para descobrir quem está por trás de tal descalabro. Humildemente, Fachin disse que cumpre no STF uma missão que lhe foi delegada, e seus familiares nada têm a ver com suas escolhas de vida ou profissionais.
Enquanto as Polícias Civil e Federal apuram tudo isso, Lula também pode respirar mais tranquilo. A caravana petista cumpriu seu roteiro, e o saldo da viagem foi excepcionalmente positivo, apesar de sombreado pelo episódio criminoso. Os tiros foram a melhor coisa que poderia ter sucedido nessa viagem à cata dos votos perdidos do PT. Já há quem diz que o próprio PT teria arquitetado esse ataque para colocar o ex-presidente numa condição de favoritismo eleitoral, velha aposta de que o povo brasileiro sempre estende apoio a vítimas de alguma coisa. É uma hipótese alardeada em meio à fumaça dos tiros noturnos. Logicamente não foi levada a sério pelas autoridades. Mesmo porque a Polícia já tem indícios suficientes para crer em ataque não aleatório, mas planejado inclusive nas redes sociais. O deputado Jair Bolsonaro, do PSL-Rj, pré-candidato à presidência, emitiu opinião à imprensa no sentido de que os ônibus da caravana petista teriam sido alvejados em terras paranaenses pelos próprios partidários. O disse-me-disse está a todo vapor…
O mais importante de tudo não é o resgate repentino da figura popular de Lula, mas a inexistência de vítimas nesse ataque. Segundo a Polícia suspeita, talvez existisse intenções malévolas além de simplesmente alvejar a lataria dos ônibus, a partir da constatação de pregos achados na área do ataque. Um deles furou o pneu de um dos veículos da comitiva. Não confirmado, sabe-se que Lula viajava justamente no primeiro ônibus. A possibilidade de sequestro também foi ventilada. Afinal, denunciado ou não, expurgado dos braços de simpatia da maioria dos brasileiros, Lula é ex-presidente e tem um séquito de seguidores, reunindo poderosos simpatizantes políticos além oceano. Venezuela e Cuba se integram ao seu berço solidário de aconchego à parte da Pátria Amada, que agora resolveu acolhê-lo novamente. É esperar pra ver o desdobramento desse episodio.
(Editor-Geral)
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