A Yamaha Mini Enduro GT 50 fez sucesso em BH…

(PARTE 01)

Belo Horizonte, anos 70 – Minha valente Yamaha GT-50, a famosa Mini Enduro, necessitava urgentemente de retífica após anos de serviço. Também, tadinha, eu rodava não apenas em Montes Claros, mas também nas cercanias, cidades e sítios de amigos e parentes.

Enfim, chegou um tempo em que seu motorzinho acusou cansaço prostrado, emitindo avisos de estar prestes a parar de vez…

O pequeno motor dois tempos, de potência nervosa, tamborilava anéis há semanas. Mecânicos alertaram que eventual travamento poderia implicar no travamento geral da moto, gerando espetacular beija-chão e possível  ++…

Na época, 1975, MOC não dispunha de nenhuma retífica especializada nesse tipo de serviço, apenas para automóveis. Ouvi a mesma ladainha nas oficinas consultadas:

– Deixe a mini aqui. Vamos desmontar o motor e despachar pra ser retificado em Belo Horizonte. Vai demorar uns dias…

Relutei, imaginando ficar mais de uma semana sem saracotear a Mini, veículo inseparável no dia a dia.

Por sorte, meu pai gerenciava a Expresso Mineiro, empresa transportadora; uma luz se acendeu quando vi um caminhão baú descarregando. Iria voltar vazio para BH…

Meu pai consentiu que filasse a carona, e embarquei à tarde rumo à capital, espertamente sem avisar à madrinha Neusa. Ela me considerava hóspede do barulho!

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Chegamos na capital às 21h, e o caminhão se dirigiu direto para a garagem da empresa, no bairro São Francisco, região da Pampulha. O motorista questionou se eu conseguiria encontrar o endereço da madrinha, na Rua Rio de Janeiro, centro, distante quilômetros dali.

– Encontro, sim. É só ir pela Avenida Antônio Carlos, subir o viaduto e acessar as Avenidas Paraná e Afonso Pena. Logo após o cruzamento com a Avenida Amazonas, Praça Sete, subo a Rio de Janeiro – respondi.

– É… Acho que você chega lá, sim. Boa sorte, garoto!

Ele me ajudou a descer a Mini Enduro do caminhão, por meio de rampa, aguardando que ligasse o motor e arrancasse. Mesmo batendo anéis, a GT 50 pipocou felicidade por sair daquele casulo metálico, e tive certeza de que chegaríamos sem problemas ao Edifício Riachuelo.

Sem capacete, acondicionei a mochila {com poucas roupas} nas costas, arrancando veloz em direção à Avenida Antônio Carlos. Deveria ter retirado o casaco de lã da mochila, pois logo corpo quente cedeu lugar a tremores friorentos, durante o longo percurso. Nem parei, temendo encontrar a tia já dormindo…

Por João Carlos de Queiroz, jornalista

 

 

 

 

 

 

 

 

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