Há fantasminhas no Novo Terceiro, em Cuiabá

FINAL

Humilde, receptivo, de prazeroso convívio social, o bairro cuiabano Novo Terceiro é uma comunidade repleta de tradições. No entanto, aparições de fantasminhas e fantasmões se enquadram entre os atrativos locais. Nem todos querem conhecer essa parte…

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Os espíritos dos pequenos inocentes, segundo explicam médiuns, não têm noção de que desencarnaram, e assim continuam na crença ingênua de que ainda pertencem ao mundo terrestre. No caso de crianças inocentes, apenas querem brincar umas com as outras.

– Mamãe! Minha bola está rolando sozinha! Que legal! – disse um menino do bairro, da Rua D.

A mãe do garotinho veio conferir e ficou assustada ao ver a bola repicando livremente na parede. E, aparentando levar chute, repetiu isso incontáveis vezes.

Para seu filho, era uma bola mágica; mas, para uma assustada mãe, algo maligno acontecia ali…

Nenhum deles pôde ver o sorriso maroto de uma menininha de seis anos chutando a bola repetidamente. E estranharam quando uma vizinha idosa adentrou na casa e indagou quem era aquela criança linda.

Essa menina loirinha foi flagrada diversas vezes na Rua D, tranquilamente dentro das casas. As aparições aconteciam, ou ainda acontecem, não sei, em em horário aleatório, inclusive de dia.

Alguns se assustaram ao vê-la subitamente próxima, momento em que cozinhavam ou lavavam roupas. Relatos dão conta de que acordaram com ela sentada na cama, olhinhos azuis brilhando na tênue luz do abajur…

A exemplo da idosa que a viu brincando de bola, quem presenciou tais visitas imaginou, a princípio, se tratar mesmo de criança da vizinhança. Alguns retribuíram o simpático sorriso da menina, perguntando quem ela procurava. Depois, ao acompanhá-la casa adentro, ela simplesmente desapareceu!

– Pude vê-la umas três vezes. Na primeira, estava me fitando quietinha, na área dos fundos da casa. Aí, ao chamá-la, saiu correndo pelo corredor, rumo ao portão. Pensei que dali não passaria, pois estava trancado. Mas não encontrei nenhuma criança lá… – disse uma moradora.

A mulher narrou que acordou uma noite com a menina sentada na cadeira de balanço do quarto. Sorria feliz, meigamente, e saiu saltitando feliz pela casa ao perceber que seria seguida. Sumiu na sala…

– A última aparição foi na garagem da casa, que está vazia há anos. Fui abrir para fazer faxina, assustando-me ao dar de cara com ela no cômodo fechado. Foi rápida ao sair, e passou a centímetros do meu corpo. Já sabia então que aquela criança não existia mais, era só fantasma…

Uma outra menina, de cabelos pretos e vestido com uma espécie de terninho, aparece na avenida que cruza a parte baixa do bairro. Essa aí gosta e ficar se escondendo atrás dos carros, típico pega-pega, esconde-esconde, dizem os moradores

Algumas vezes, à noite, chega a assoviar para quem passa na rua, exibindo carinha sorridente. Gosta também de se esconder atrás dos carros. Nem adianta procurá-la…

Sem maior alarde medroso, moradores do Novo Terceiro contam que um ônibus assombrado roda pelo bairro durante a Quaresma, levando crianças e adultos. Muitos que viram confirmaram ter reconhecido falecidos da comunidade saudando-os alegremente nas janelas do coletivo.

Um outro disse ter visto mula sem cabeça, há muitos anos. No vazio da cabeça, a tocha de fogo mais parecia um maçarico gigante, relampeando chamas fortes. A mula parecia cumprir ritual de vai e vem pela mesma rua, em trote barulhento durante a madrugada.

Para os veteranos que assistiram o bairro surgir, essa mula é outra encomenda do além, e o melhor é fingir que está tudo bem e deixar o fantasmagórico animal cumprir seu trajeto insosso.

Por João Carlos de Queiroz, jornalista

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*Quem contestar, que apresente texto similar, PUBLICADO em data anterior.

 

 

 

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