Quando a mini-enduro arrancava veloz pelas ruas de Montes Claros…
Montes Claros-MG – Em 1974, ao adquirir uma motocicleta Yamaha mini-enduro, maquininha de 50 cilindradas, passei a desfilar todo garboso pelas ruas centrais da cidade. Então cabeludo, os fartos cachos acariciavam meu pescoço ao serem fustigados pelo vento…
Por onde a moto passava, deixando tufo branco de fumaça, sempre atraía atenção curiosa, principalmente por parte das meninas…
A mini-enduro não apenas arrancava suspiros das garotas, como também olhares indignados dos adultos, francamente irritados pelo que consideravam perigo extremo de pilotagem. Tinham razão, lógico.
Só pra exemplificar, adquiri o estranho costume de “raspar” as laterais baixas da moto ao efetuar curvas no asfalto. Muitas faíscas resultavam daí…
Mesmo detentora de potência humilde, a pequena motocicleta nunca se fez de rogada para empinar a roda dianteira à menor aceleração. Uma de suas características era ganhar velocidade rápida, feito um bólido.
Foi assim que me livrei de um guarda de trânsito, há tempos desejoso de guardar a pequena valente no pátio do Detran. {Eu já havia fugido de blitz em que ele participava, e deve ter gravado minha fisionomia.}
Semanas após, nós nos encontramos casualmente na porta de uma agência bancária da Praça Doutor Carlos, e o policial quis saber se tinha carteira. “Sou menor”, respondi ao sair sorrindo e deixá-lo pensativo.
A partir desse dia, implicado de vez, bastava me avistar para ele começar a apitar desesperado, crente de que entregaria a Yamaha. Ledo engano: eu acelerava ainda mais forte, sumindo do mapa…
Creio que cansou de tanto apitar, e em outro encontro casual, quase dois anos após, eu já maior de idade (e ainda sem carteira de motociclista), ele me parabenizou pela esperteza. Tornamo-nos amigos, por incrível que pareça…
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