Pires é um “trem” que nunca partiu das tradições locais…

Há décadas, mudaram o nome do distrito Engenheiro Pires e Albuquerque para Alto Belo. Mas, ainda hoje, muitos moradores e simpatizantes do lugar não reconhecem essa nova denominação do núcleo rural do Norte de Minas Gerais.

Tampouco entendem por que o lugarejo não foi ainda emancipado. Emancipar Pires é muito mais importante do que trocar seu nome.

Em relação à mudança de nome, a estranheza é geral. Mesmo porque não existe nada ALTO em Pires, apenas um terreno quase plano, situado abaixo de serras miúdas. Belo, sim, é um nome adequado: Pires acalenta beleza em acolhidas simpáticas e costumes que encantam Minas e o Brasil.

Capta-se fácil por lá a profusão carismática em cada olhar sitiante, e na paisagem bucólica que projeta Pires no aconchego de muitos corações.

Pires é um lugar expressivamente especial. É onde a vida tem tônica atrativa, pelo jeito sincero e simples com que tudo acontece. O ontem longínquo do povoado também foi quase assim…

Portanto, o nome Alto Belo não se enquadra minimamente nesse contexto de tradições e lendas do recatado distrito mineiro.

Politicamente, Pires sonha é em ser emancipado, deixando de ostentar bengala pedinte à administração do município vizinho, do qual depende.

É uma situação que Pires não suporta mais. Melhor dizendo: não se sustenta politicamente. Inexiste qualquer argumento que justifique tais amarras.

Os moradores de Pires, feito sombras aleatórias desesperançosas, sobrevivem desde então sem nenhuma expectativa Pires. Mudar nome não é emancipar o distrito: é mantê-lo no faz-de-conta-que-cuidamos-bem-de-todos-vocês, todos sabem.

Não é a mesma coisa que valorizar a história desse lugarejo, antes cortado pelo Trem Azul em épocas melhores do país.

ENFIM…

Seja Pires ou Alto Belo, a emancipação do antigo distrito sinaliza mais urgência. É fato que ninguém expande laços progressistas se for dependente de alguém, ou de algo.

As amarras características de distrito ainda impedem a liberdade que o distrito tanto clama; impedem também horizontes promissores e capazes de emoldurar o distrito no ritmo de outras comunidades em processo independente.

João Carlos de Queiroz, jornalista

 

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