Prefeito do Rio alerta para aumento de casos da covid-19 na cidade
Eduardo Paes propõe reforço na vacinação de idosos Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, alertou hoje (20), durante a apresentação do 33° Boletim Epidemiológico da Covid-19, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que a cidade passa por um pico da covid-19, e que o nível de casos é o maior desde o início do ano. De acordo com Paes, nunca antes a capital registrou tanta gente com a covid-19 como ocorre neste momento.
Segundo o prefeito, o aumento relevante de casos pode ser percebido pela população. “Acho que todos que vivemos na cidade do Rio de Janeiro percebemos isso. Pessoas próximas e familiares, amigos, eu pessoalmente, nunca vi tanta gente com covid no meu entorno, como estou vendo neste momento”, disse, acrescentando que o dado é preocupante por causa do avanço da variante Delta na cidade, considerada o epicentro dessa mutação no país.
Mesmo com as medidas de proteção mantidas até o dia 30 de agosto, o prefeito disse que se o quadro epidemiológico piorar, com avanço no aumento dos casos da covid-19, vão ser adotadas medidas mais restritivas na cidade.
“Vamos monitorar isso [aumento de casos] com muita calma e muita tranquilidade, e havendo aumento de agravamentos, nós podemos voltar a tomar medidas restritivas. Não estamos tomando nenhuma medida hoje, mas se tiver esse aumento vai ter de aumentar as restrições. Se for necessário, a gente aumenta as restrições, porque nunca antes tivemos no ano de 2021 um número de casos tão grande como neste momento”, alertou.
Paes informou que o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, vai levar para a reunião do Comitê Científico do município a proposta para reforço na vacinação de idosos. “Aproveito a oportunidade para deixar a posição da prefeitura de que nós entendemos que com esses números de casos, a gente deve priorizar a terceira dose, a dose de reforço para as pessoas mais velhas, que já foram imunizadas há mais tempo. A gente já viu experiências em vários países que começaram com a variante Delta e priorizaram a terceira dose”, disse o prefeito.
“Nós preferimos fazer a terceira dose das pessoas mais velhas do que antecipar a segunda dose dos mais jovens. Essa vai ser a posição da prefeitura. Nós entendemos que nesse momento com o aumento de casos e a variante Delta é muito importante que a gente proteja as pessoas fazendo a terceira dose da vacina”, acrescentou.
Se a proposta for aprovada pelo Comitê Científico, segundo Paes, a vacinação com a terceira dose começará na semana que vem, ao mesmo tempo em que serão aplicadas as doses no público de 17 a 15 anos de idade, conforme o calendário previsto.
Paes comentou que em alguns países onde foi identificada a incidência da variante Delta, os casos não resultam em aumento dos óbitos, mas nos Estados Unidos, por exemplo, não tem sido sempre assim. “A gente tem que torcer, fazer o trabalho terapêutico, ter os leitos à disposição, mas tem também que torcer para que os números de óbitos e o agravamento dos casos da covid não se verifique. Estamos neste momento com o maior número de pessoas com covid em todo o ano de 2021. Não é uma situação confortável”, disse.
O prefeito disse que embora esteja satisfeito com o nível de vacinação da cidade, que hoje completa a imunização das pessoas com mais de 18 anos de idade com a primeira dose, não se pode esquecer que a contaminação da doença ainda é forte na capital. “Não tenho dúvida que a vacina certamente está colaborando para o não agravamento desses casos, mas a gente tem que se tocar que a coisa ainda está quente aqui no Rio. Diferente do resto do país, essa variante nova começou pela cidade do Rio de Janeiro, até mais do que no estado, que começa a ter esses números. O que a gente está chamando atenção aqui hoje é que não podemos permitir que esses casos, o maior número desde o início do ano, se agravem e terminem em óbito”, alertou.
Predominância
Uma pesquisa por amostragem de vigilância genômica indica que houve uma inversão no quadro da presença das variantes e a Delta, chamada de indiana, superou a contaminação pela Gamma, conhecida como a de Manaus, que até agora vinha sendo predominante. Conforme os dados de julho, o percentual atingiu 53,7% das amostras que foram identificadas e encaminhadas para os laboratórios de referência para a Vigilância Genômica. Já a Gamma ficou em 45,3%.
“Realmente temos configurada já uma inversão dessa predominância e estamos aguardando os resultados do mês de agosto, mas a gente acredita, e as discussões que a gente faz aqui no Centro de Operações de Emergência para a Covid, é que vai ampliar a predominância da variante Delta”, disse o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Márcio Garcia.
Registros
A análise dos atendimentos na rede de urgência e emergência para casos de síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG) mostra um aumento nas notificações nos últimos dias. “Podemos analisar realmente um aumento na busca por esse atendimento nas nossas unidades especialmente UPA e CER”, disse Garcia, destacando que essas ocorrências não necessariamente se confirmam como covid-19.
O superintendente acrescentou que o gráfico de casos confirmados da doença na capital também mostra um aumento importante nas últimas semanas. “Há, pelo menos seis semanas, a curva mostra um aumento contínuo de casos. Estamos bastante alertas com essa situação, porém esse aumento não se reflete na curva de óbitos. O quantitativo de óbitos mudou um pouco o formato da curva. A gente vem nas últimas semanas em uma certa estabilidade formando um platô mais baixo do que alguns cenários anteriores que nós tínhamos”, explicou.
Baseado nas informações epidemiológicas, o mapa da cidade permaneceu com todas regiões em laranja, o que significa alto risco para a doença. O indicador de risco leva em consideração o número de internações, de óbitos composto e a incidência da variante Delta.
Este ano, a cidade do Rio de Janeiro registra 214.820 casos da covid-19, sendo 34.974 graves e 12.239 óbitos. A taxa de incidência alcançou 3.224,9 casos por 100 mil habitantes, a taxa de letalidade ficou em 183,7 óbitos para cada 100 mil habitantes e a taxa de letalidade em 7,5%.
Edição: Fernando Fraga
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