Quarta-feira de Cinzas: fim da folia, início da quaresma…

A data sacra é marco divisor entre o fim do carnaval e o início de intenso recolhimento espiritual, o período quaresmal. Obrigação que muitos ainda passam ao largo...

Por João Carlos de Queiroz – O Brasil amanheceu nublado hoje, algo triste. A Quarta-Feira de Cinzas costuma ser assim todos os anos, observam religiosos. É o início da quaresma, período sacro, de chamativo recolhimento cristão. Nos próximos 40 dias, muita gente vai adotar uma série de penitências para tentar “expurgar” parte dos pecados mundanos, cumprindo distintos rituais, cultos, jejuns, etc…  Acredita-se que tais obrigações possam aliviar o peso exorbitante de suas culpas, impondo maior proximidade com Deus.

Aliás, “estar cristão” não é, necessariamente, ser cristão. Há pessoas que teatralizam clara condição santificada, marchando fervorosamente numa procissão. De tão compenetradas que estão, sequer cumprimentam os conhecidos, rezando alto e com velas acesas.

Felizmente, o brilho das chamas trêmulas das velas não retrata o cinismo (toda regra tem exceção) de quem as leva pelas vias públicas. São milhares de olhos hipócritas, “anjos” desvirtuados dos Mandamentos do Senhor.

Ainda no decorrer da quaresma, alguns cristãos (e de outras crenças) também chegam ao cúmulo de optar por jejum sexual, enquanto outros já se abstêm de ingerir refrigerantes, álcool ou carne vermelha. Tudo pela pretensa fé, para que a frágil condição humana seja perdoada parcialmente dos seus erros.

Na verdade, o homem se ilude ao pensar que possa enganar Deus, eximindo deslizes pecadores com encargos religiosos, e outros nem tanto… Porque, conforme é praxe, finda a quaresma ele aciona o gatilho do irresistível arsenal pecador inerente à sua espécie, mantendo-o ativo durante o restante do ano. Na próxima quaresma tudo será perdoado, preconiza…

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Vale, no entanto, a tradição cultural, não propriamente a da fé. Essa, infelizmente, anda trôpega nos meandros dos recintos cristãos, mundo afora. A evasão de fiéis tem sido fator preocupante para grande parte das congregações religiosas. Percebe-se aí a celeridade competente do pecado em impor sua condição de livre arbítrio sobre o homem, tornando-o escravo passivo das tentações.

Em tempo: sem Deus a seu lado, ele, o homem, nada mais é do que uma frágil semente, produto passível de fugaz extermínio. 

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*João Carlos de Queiroz é jornalista

 

 

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