A guerreira e a supremacia no judô
Rafaela Silva confirma bom momento com mais uma medalha na China
Por Igor Santos – Repórter da TV Brasil – Wuhan – China – Quando entrou no tatame do ginásio da Universidade de Tecnologia de Wuhan, Rafaela Silva poderia até negar, mas lutava como favorita diante de adversárias bem menos conceituadas no judô mundial. Não que ela fosse imbatível, mas é difícil concorrer com um currículo que conta com ouro olímpico, título mundial, mundial militar e uma sequência de pódios em 2019.
Depois de ganhar o ouro pela segunda edição seguida de Jogos Mundiais Militares, a carioca destacou as qualidades das oponentes, mas até pelas próprias ambições, mostrou que estava em outro patamar. Ela mira também um segundo ouro seguido nos Jogos Olímpicos. Mas tem um obstáculo dos grandes.
Em setembro, o resultado de um teste antidoping feito durante os Jogos Pan-americanos de Lima, em julho, acusou a presença da substância Fenoterol, considerada como estimulante de performance e geralmente encontrada em medicamentos de combate à asma. O resultado causou estranhamento da judoca, que diz não ter utilizado medicação deste tipo, por não apresentar nenhum quadro sequer parecido com asma. Ela suspeita que a probabilidade maior é de ter inalado inadvertidamente a substância através de uma brincadeira com a filha de uma das judocas que treinam com ela no Instituto Reação. Rafaela perdeu provisoriamente a medalha de ouro conquistada no Peru e, agora, além de ter que provar a própria inocênlcia, vive um drama particular a menos de um ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Se for considerada culpada, Rafaela pode ficar até quatro anos afastada das competições, o que obviamente impediria um bicampeonato.
Aos 27 anos, ela vive o auge da carreira e tinha completado o ciclo de conquistas possíveis no judô com a medalha no Pan, antes do resultado do teste. Ao sair do pódio em Wuhan, Rafaela se disse tranquila e afirmou ter entregado tudo o que tinha à disposição aos advogados, para que a defesa no tribunal seja bem sucedida. Para uma figura que saiu de uma infância simples e de um episódio de racismo após uma derrota na primeira participação em Jogos Olímpicos, em Londres 2012, e conquistou o que Rafaela conquistou, é quase impossível não permanecer pelo menos na torcida para que tudo se resolva da melhor forma pra ela. Afinal, Rafaela tem chance de fazer ainda mais história em Tóquio, e se tornar o primeiro nome do judô brasileiro a ganhar dois ouros olímpicos.
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