Cuiabá: Barra do Pari lidera aprovação turística de festa junina mais esquentada de 2019
Comunidade ribeirinha fica localizada entre os bairros Santa Amália e Santa Isabel, com acesso único pela Rua Professora Tereza L. Rodrigues, restaurada recentemente pela Secretaria de Obras de Cuiabá a pedido do vereador Dr. Xavier
Por João Carlos de Queiroz – Ainda que a festa junina realizada no campinho de futebol de Barra do Pari tenha registrado baixa temperatura a partir das 19h, em decorrência da proximidade com o Rio Cuiabá, os turistas afirmaram que esse evento foguetório foi o mais esquentado do município em 2019, em termos de animação e variedade dos quitutes servidos gratuitamente à população. Não faltaram doces diversos (pé de moleque, pudim, Maria Mole, cocada), associando-se a salada, pamonha, milho verde, pastel, pudim, sanduíche natural, bolo, canjica, pão de queijo, etc…
Para acompanhar tanta gastronomia, deliciosamente preparada pelos comunitários, sob o comando atento e esforçado de dona Antônia, os turistas degustaram quentão à vontade (cachaça com gengibre), bebida que se contrapôs ao friozinho noturno da região de Barra do Pari. Teve também café bem quente.
Já para quem é avesso a bebidas alcoólicas, o recurso foi buscar quentura natural junto à grande fogueira armada num dos lados do campinho, localizado bem em frente ao bar do popular “Seo” Antônio, um dos recantos mais procurados pelos visitantes nos finais de semana. Ao redor do fogo gigante se reuniram crianças e adultos, grupo em brincadeiras que resgataram a inocência dos folguedos juninos de outrora, quando ainda não existia internet nem celulares.
O mais importante é que a aprovação da junina de Barra do Pari, em 2019, recebeu efusivos aplausos dos visitantes, e a maioria saiu de lá questionando ansiosa quando seria a próxima. A festa ainda proporcionou o avivamento da curiosidade geral para saber como surgiu Barra do Pari e qual é a fonte de renda principal da carismática comunidade cuiabana. “As pessoas pescam aqui apenas por hobby, nada profissional. O lado atraente de Barra do Pari reside mesmo no seu povo hospitaleiro”, explica Claudineide dos Santos, moradora.
As opiniões do povo local e dos visitantes são harmônicas em elogios rasgados ao lugar. Universitária em psicologia pela UFMT, Pollyanna da Silva Queiroz fez questão de provar os quitutes servidos na festinha, que também teve a tradicional quadrilha junina, caipirada em arrasta-pé dengoso. O espaço retangular do campinho de futebol reuniu sorrisos e cumprimentos sucessivos, clima festivo que adentrou em ritmo animado madrugada afora.
Famosa em outros lugares
A junina de Barra do Pari teve destaque elogioso em várias regiões de Cuiabá, tornando-se referência da prática de uma festa perfeita, no gênero caipira. Dona Antônia, uma das organizadoras, afirmou se sentir recompensada pelo sucesso do seu esforço em ofertar mais um evento de genuína alegria. “Sempre fazemos tudo com muito amor”, resumiu.
Para o comerciante Antônio Saraiva de Andrade, Barra do Pari saiu do antigo anonimato comunitário para se transformar num dos lugares prediletos dos habitantes da capital e interior. “Tanto é verdade que os imóveis daqui estão bem valorizados. É uma região de clima delicioso, onde podemos escutar a passarada saudar o amanhecer e se aconchegar nas árvores próximas ao pôr do sol. Barra do Pari, enfim, mantém viva a tradição de ser receptiva, não ser artificial. Isso é resultado do conjunto de ações que caracteriza nosso modo de vida simples e de como recebemos bem as pessoas”.
“Seo” Antônio citou que as opões de entretenimento em Barra do Pari são limitadas, detalhe que não impede a procura maciça de turistas nos finais de semana, ponto alto da movimentação na comunidade. “As pessoas estão mais à procura é de sossego, literalmente desejando esticar os pés na rede. Temos a prática de esportes lá no campo Estrela, logo à entrada da Rua Professora Neusa L. Rodrigues. Campo gramado, lugar que sempre sedia disputas acirradas de equipes da região. Pessoalmente, acho que o maior atrativo de Barra do Pari é mesmo o Rio Cuiabá, aqui pertinho. Pelo meu quintal, descendo por ali {mostrando…}, acessa-se fácil as suas águas em menos de cinco minutos. Os turistas ficam extasiados ao ver tanta beleza acessível…”
Dona Maria, esposa de Antônio, salientou que não é só por isso que as pessoas frequentam Barra do Pari, pois muitos procuram a comunidade exclusivamente para provar do caldo de mocotó e feijão que ela prepara nos finais de semana. “O segredo do meu tempero não falo pra ninguém, é exclusivo. Se falar, quebra o encanto. O bom é que as pessoas gostam, e quem prova do meu caldo de mocotó, o mais famoso da região, quer sempre voltar, e ainda pede para que ensine como preparo. Não vou dizer nunca, lógico!”, brinca a comerciante.
Ainda que o rústico campo de futebol frontal ao bar do “Seo” Antônio não tenha nenhum gramado, apenas cascalho fino, não é raro o embate entre equipes adolescentes nos finais de semana, compostas por meninos e meninas. A falta de grama também não é impeditivo para que joguem animadamente, explica Francinaldo Teixeira Saraiva, outra liderança local. “As meninas jogam até melhor que eles. Tem uma goleira aí que não deixa passar nada, é incrível a habilidade dessa garota”, observa o morador. Seu filho e um sobrinho são atletas frequentes no lugar.
Cachorro “Timão”: saudações aos chegantes pra lá de calorosas
Ainda no bar do Antônio, o cachorro Timão é um dos mais populares, sendo adulado por quantos aportam no estabelecimento comercial. Vários clientes levam ração e não poupam mimos ao dengoso Timão, que retribui o carinho até com certo exagero, subindo às vezes no colo dos seus paparicadores. Detalhe que ninguém se importa, pois o cãozinho é um senhor simpatia, já conquistou todos no lugar.
Timão só não gosta é de um vaqueiro que passa vez ou outra em frente ao bar do Antônio, e então sai rosnando feroz rumo ao cavaleiro, tentando abocanhar suas pernas. O homem sempre apressa o passo do cavalo para fugir dos ataques. Dona Maria informa que o animalzinho tomou “ódio de madrasta” pelo sujeito porque o tal vaqueiro o surrou certa vez injustamente. Timão tem razão em odiá-lo, convenhamos. “Se facilitarmos, ele morde o homem”, garante.
Quedado por Barra do Pari – Para o flamenguista Hélio Campos, Barra do Pari é um dos lugares de fuga do estresse semanal. “Venho aqui todos os sábados, quando converso e tomo uma cervejinha com meus amigos. Conheço todos por aqui há anos e anos”. Hélio é um dos maiores propagandistas do jeito anfitrião 10 do estabelecimento comandado por “Seo” Antônio e dona Maria e, também, de outros pontos de comércio ao longo da rua principal de Barra do Pari.
“Particularmente, só venho no bar do “Seo” Antônio, meu amigo pessoal. Se você traz um coração de boi, ele {Antônio} assa com a maior boa-vontade, e não é raro acrescer peixes ao cardápio original. Isso, devo ressaltar, por conta dele. Não é uma prática contumaz, claro, porque assim teria prejuízos. Mas já saboreei muito peixe e carne assada servida gratuitamente por Antônio. Esse cara não existe, de tão gente boa que é!”, assegura Hélio.
Também se pronunciando, o líder comunitário Totó Gonçalves afirma que Barra do Pari, afora seus atrativos naturais, precisa ser mais prestigiada pelo Poder Público, visto que ainda luta para obter benefícios indispensáveis a qualquer comunidade. “Nós oferecemos um potencial turístico prazeroso a quantos nos procuram. A simplicidade local é o fator mais encantador para os visitantes, é notório. Afinal, hoje em dia ninguém quer saber mais de coisas modernas. A procura geral tem recaído por lugares aconchegantes, bem ao estilo de Barra do Pari. Portanto, os gestores precisam lembrar que existimos, a fim de instalar nessa comunidade benefícios comuns a outros setores da capital”.
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