Intervenção federal reduziu índices de criminalidade no Rio
Roubo de carga caiu 23% e latrocínios, 33,7%
Por Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro – Depois de de dez meses de instalada, a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro registra redução em alguns índices de criminalidade. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro revelam queda de 23% no número de casos de roubo de carga em novembro deste ano (725 casos) na comparação com o mesmo mês de 2017.
De março a novembro, houve queda de 5,9% nos roubos de rua – 105.728 em 2017 para 99.519, em 2018 – e de 7,7% nos roubos de veículos – de 41.383 para 38.208. Já os latrocínios (roubos seguidos de mortes) registraram redução de 33,7%, passando de 172 no ano passado para 114 em 2018.
Decretada em 16 de fevereiro pelo presidente Michel Temer, a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro termina hoje (31).
Para a diretora-presidente do ISP, Joana Monteiro, a redução de crimes como os roubos de rua e os tiroteios foram importantes para reverter a sensação de insegurança da população. “O que mais afeta [a sensação de insegurança das pessoas] é o crime de rua. Ser abordado dentro de um carro com uma arma de fogo ou no caminho de um transporte público ou na rua e ser abordado de forma violenta”, disse Joana em entrevista à Agência Brasil.
Roubo de cargas
Quando a intervenção foi decretada no estado, o roubo de cargas era um dos crimes que mais chamavam a atenção pelo crescimento. Especialistas explicavam que os criminosos tinham encontrado uma forma de fazer caixa com ações rápidas e de retorno garantido. Além disso, era uma maneira de compensar as perdas de receita causadas pelas operações das forças de segurança. As empresas de transporte reclamavam da elevação dos custos com seguro e da dificuldade em encontrar quem quisesse fazer os contratos para garantir as mercadorias.
Em junho de 2017, o presidente da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro (Asserj), Fábio Queiroz, disse que o roubo de cargas preocupava o setor de varejo e provocava prejuízos. Ele estimou, na época, que os custos chegavam a ser repassados nos preços em até 20% de alguns produtos.
Na avaliação do dirigente, a redução desse tipo de crime foi positiva para o setor, mas ainda há trabalho a ser feito com o fim da intervenção federal na segurança pública do estado. “Hoje está estancado. É claro que foi uma redução aquém do possível, mas já ajudou bastante a colocar isso num caminho de normalidade, no entanto, ainda há muito o que fazer”, apontou.
Monitoramento
Para a diretora-presidente do ISP, Joana Monteiro, a busca pela redução dos indicadores de criminalidade é relevante, mas é preciso garantir a análise dos números. Ela defendeu a manutenção do monitoramento e do acesso aos dados relativos à criminalidade pelo instituto.
“O acesso às polícias é fundamental e também o processo de transparência. A gente vem, desde 2003, com divulgações mensais ininterruptas. Acho que essa é uma conquista do Rio de Janeiro que a gente não pode permitir voltar atrás de forma nenhuma”, disse, acrescentando que a plataforma utilizada há dois anos pelo instituto permite que todos os trabalhadores da área de segurança tenham acesso aos dados para fazer análise dos números.
Segundo Joana Monteiro, o Rio de Janeiro é o único estado do Brasil que tem um instituto dedicado à divulgação de números na área de segurança. Nas demais unidades da federação, essa tarefa fica a cargo da Secretaria de Segurança ou de um departamento da Polícia Civil. Há ainda estados que não tem dados obtidos de forma sistemática.
O general Walter Braga Netto, que durante dez meses ficou à frente da intervenção federal, admite que a análise dos dados realizada pelo ISP foi fundamental no planejamento e no monitoramento das ações adotadas.
Para Joana Monteiro, a constatação do general confirma a importância da obtenção de dados confiáveis nesta área. Segundo ela, a saúde e a educação são setores que já detêm dados nacionais. Na segurança, entretanto, ainda resta a lacuna. “Na ausência disso [dados confiáveis] fica a palavra de quem está sentado no comando no momento, dizendo que está bom. Então, a gente precisa ter um indicador objetivo, o que chamo de termômetro. No caso de febre, ele não dará as causas do problema, mas permite a gente se alarmar ou não com uma determinada situação”, disse.
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