Reitor e diretor do Museu Nacional concedem entrevista à imprensa

Incêndio que destruiu riquíssimo acervo do Museu Nacional, além de comprometer toda a estrutura da antiga residência da Realeza Portuguesa no Brasil, representa catástrofe na área de museologia nacional e mundial. Peças raríssimas foram consumidas pelas chamas...

Assessoria Reitoria da UFRJ – O reitor da UFRJ, Roberto Leher, e o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, estiveram na manhã da segunda-feira, 3/9, na Quinta da Boa Vista, para avaliar o impacto do incêndio do dia 2/9 no Museu. O incidente afetou o palácio e parte do acervo da instituição.

Segundo Leher, a UFRJ sofre com problemas sistemáticos em seus prédios tombados devido à falta de linhas de financiamento do governo federal para construções históricas. “Todos os investimentos e melhorias realizados nesse museu têm sido feitos com recursos da UFRJ, que, como todas as outras universidades, vem sofrendo constantes cortes orçamentários”, explicou.

Leher afirmou que, além dos recursos já destinados pela UFRJ, a Reitoria está, desde 2015, em negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para melhorias estruturais no prédio do Museu. Os recursos iniciais foram aprovados  em 2017, mas ainda não foram liberados. Parte do projeto envolve a mudança das áreas de pesquisa e administração do Museu para um terreno contíguo pertencente à União, que ainda não foi cedido pelo governo federal, tornando o palácio uma área exclusivamente museal. “Assim, o prédio seria um espaço onde poderíamos guardar e preservar o nosso acervo e trabalhar na educação científica da população brasileira”, ressaltou Leher.

As verbas negociadas com o BNDES incluiriam, além da restauração e preservação do prédio e do acervo, a reorganização e revitalização dos sistemas de prevenção de incêndio. Kellner enfatizou que, em uma instituição como o Museu Nacional, é preciso um estudo muito mais profundo sobre a prevenção desse tipo de incidente. “Não é possível só espalhar sprinkles já que até mesmo a água pode danificar o acervo. O orçamento destinado no projeto do BNDES para essa parte era de cerca de 2,5 milhões de reais”, completou.

O meterorito Bendegó. Foto: Raphael Pizzino | Coordcom/UFRJ

O diretor do Museu Nacional pediu que a comunidade acadêmica e toda a sociedade se mobilizem para a reconstrução do patrimônio e da preservação da história, não apenas na UFRJ, mas em todo o país. “É necessário que todos os envolvidos, particularmente o governo federal, que tem os recursos necessários, se mobilizem para a reconstrução. Nós já perdemos parte do nosso acervo, mas não podemos perder a nossa história.”

Kellner afirmou que serão formados grupos de trabalho para entrar no prédio junto com os bombeiros para avaliar e retirar peças que tenham resistido ao incêndio. “Nós não pudemos averiguar ainda toda a extensão, mas conseguimos resgatar alguns meteoritos. O Bendegó resistiu. Da mesma forma, a instituição Museu Nacional vai resistir,” concluiu.

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