Museu Nacional do Rio de Janeiro destruído pelas chamas. Incêndio teve início no final da tarde deste domingo

Com dois séculos de existência, o Museu foi residência oficial da Família Real Brasileira e palco da vida criança de Dom Pedro II...

Redação Site – O Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais antigo do Brasil, situado na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, zona Norte da capital fluminense, já virou passado desde o final da tarde de hoje, quando foi tomado por chamas que atingiram todos os andares e destruíram o riquíssimo acervo da instituição, incluindo pesquisas de décadas.

Informações dão conta que aproximadamente 20 milhões de peças/documentos foram consumidos pelas chamas, iniciadas no final da tarde, após o fechamento do museu ao público. Cristiane Serejo, vice-diretora, explicou que, por ser antigo, o prédio não possuía portas corta-fogo. O museu também continha farto material inflamável, pelo fato de trabalhar com biodiversidade. Vários animais eram mantidos dentro de frascos com álcool, um dos fatores que podem ter impulsionado a disseminação do incêndio.

Cristiane e outros colegas acompanharam, passo a passo, a destruição do prédio, sem que os bombeiros conseguissem debelar as chamas. Muitos choravam por saber que pesquisas de anos estavam destruídas.

O Museu Nacional é o mais antigo do País, e já foi residência de um rei e dois imperadores. Chegou a ser a casa de um traficante de escravos, antes de se tornar residência oficial da realeza. Ali, Dom Pedro II assinou a independência do Brasil. Quando criança, os imensos corredores do austero palácio e salões sediavam seus folguedos.

O acervo do Museu foi tema, inclusive, do desfile da Escola Beatriz Leopoldinense, no último carnaval. Além de fósseis de animais,  a exemplo da preguiça gigante, continha objetos egípcios e o crânio da mulher mais antiga do Brasil; o fogo ainda destruiu quadros e móveis que pertenceram à nobreza portuguesa/brasileira.

Não se sabe, por enquanto, a causa do incêndio, que não vitimou ninguém. Os seguranças – os únicos no interior do prédio – conseguiram sair a tempo. Disseram ter visto um clarão forte no primeiro andar, indício do incêndio. A tragédia poderia ter sido bem maior acaso as dezenas de visitantes ainda estivessem circulando pelas dependências do imenso palácio, somando-se pânico à falta de saídas estratégicas {para evacuação rápida} e portas de bloqueio de fogo. O fogo durou quatro horas ininterruptas.

O imóvel, segundo sucessivas reportagens, estava caindo aos pedaços e sem recursos para ser restaurado, a ponto de a direção desenvolver “vaquinha” nas redes sociais. Também sem recursos para pesquisa e manutenção, muitas alas de exposição foram reduzidas e outros espaços simplesmente lacrados, situação denunciada pela Globo no Bom dia Brasil, reportagem de Mônica Sanches.

LAMENTAÇÕES TARDIAS – Acaso o governo federal tivesse liberado verbas para restauração emergencial do Museu Nacional, talvez isto não tivesse sucedido. A velha tese de que “é melhor prevenir do que remediar” se aplica ao caso. Infelizmente, não houve prevenção, e o País tem convicção de algo: perdeu uma de suas maiores referências na área de museologia. Reflexos extensivos ao restante do mundo, dado à diversidade do gigantesco acervo da instituição brasileira. O Museu Nacional recebia, anualmente, milhares de turistas internacionais.

Conforme Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura, “vivenciamos hoje uma tragédia”. Ele lembrou que o museu acabara de completar 200 anos. “Mas isso que aconteceu é resultado de negligência governamental em anos anteriores”, alfinetou. Já o presidente Michel Temer definiu que “o dia de hoje é trágico para a museologia do País”.

PRÉDIO CONDENADO – Segundo o comandante dos bombeiros, é difícil precisar a extensão total dos estragos, e mesmo a possibilidade de recuperação do imóvel para voltar a sediar o museu. Ele informou que sua equipe passou por dificuldades iniciais ao tentar debelar o avanço do incêndio mediante a falta d’água, o que gerou atraso de mais de 40 minutos para controlar o fogo e as equipes entrarem no prédio.

Na oportunidade, os bombeiros acessaram salas parcialmente incólumes, algumas com frascos contendo espécimes de animais raros. A parte botânica foi a única a ser resgatada, aliada a aparelhos de precisão.

Ou seja: não se sabe, por enquanto, se o próprio palácio ainda tem condições de ser operacionalizado na função de museu, ou se a tendência é de ser demolido. Sem entrar em detalhes, o Ministério da Educação afirmou que irá auxiliar a Universidade Federal do Rio num projeto de recuperação do museu.

 

 

 

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