REVIRAVOLTA: após empresa em que trabalhava falir, jovem monta empresa caseira e triplica o antigo salário

Redação Site – Filho do servidor público aposentado do Ibama, Bento Gonçalo de Almeida, e de dona Celina Gonçalina de Almeida, Edilson é casado com a cuiabana Maria Catarina dos Santos, mãe de João Victor Fontes Santos. O menino chama o padrasto carinhosamente de pai. Edilson é pai biológico de Beatriz Santos de Almeida. “Já sou até avô, veja quanto orgulho!” – comemora. “Fui criado em Piraí, pequena comunidade pantaneira, região de Barão de Melgaço. Um dos meus hobbys é pescar, ir pra roça, visitar meus pais no sítio em Manduvi. Um lugar delicioso”.

Edilson montou seu atelier na modesta residência da família, e disse estar surpreendido com a quantidade de encomendas para faixas e sonorização (equipamento montado no seu Fiat). “São muitas encomendas. Por enquanto, trabalho apenas com Deus. Mas, talvez, vá contratar um ou dois auxiliares no futuro, pois as encomendas não param de chegar. Principalmente de supermercados e órgãos públicos, em geral, que contratam a confecção de faixas para serem afixadas nos eventos”.

Foram anos trabalhando em regime cansativo e não compensador num supermercado, pois a carteira assinada, por vezes – afirma Edilson –  “não significa independência para muitos, pelo contrário: representa apenas a arrogância empresarial, pois só pagam aquilo que querem, não exatamente os valores que você merece pelo seu trabalho e dedicação”. Assim, já com alguma ideia bailando na cabeça, ele resolveu se desligar do que qualifica de “roda sem futuro”. Mesmo porque, salienta, “também via meus colegas em situação igualmente calamitosa, desalentados até de curtir a vida nos poucos momentos de folga. Para mim, a demissão – ocasionada pela falência do supermercado – foi um prêmio, sim!”

A partir dessa decisão, Edilson ganhou fôlego empreendedor, consciente de que tinha, atrás de si, um monte de bocas para alimentar, aliadas a outras necessidades elementares na vida de qualquer família: vestuário, assistência médica, odontológica, luz, água, etc. Sem falar nos momentos de lazer com seus queridos, condição que ele jamais abriu mão: “Trabalho para sustentar minha família e proporcionar a ela o melhor que consigo à custa do meu esforço profissional. E isso tem sido crescente a cada dia, pela graça de Deus. Com Ele, tenho tudo que um ser humano necessita na vida: saúde, estabilidade, felicidade. Só tenho que agradecer tanta profusão no meu cotidiano, nada mais. É suando a camisa que o cidadão mostra o melhor de si para a sociedade, e as respostas positivas vêm de forma sequencial. Aos poucos, inicia-se primoroso ciclo de reconhecimento pelo que você faz e a forma como realiza cada missão que lhe é delegada. No meu caso, procuro sempre fazer o melhor”.

Ao afirmar isso, Edilson exibiu alguns dos trabalhos que realiza na sua modesta residência, a maioria deles centrado na confecção de faixas, que se tornou sua maior especialidade. São dizeres de todos os tamanhos, com letras garrafais, sombreadas, coloridas, ornamentadas conforme o gosto da clientela. E essa clientela já tem nome destacado em Cuiabá, na residência oficial do artista autônomo: políticos. São eles os que mais procuram Edilson para destacar projetos sociais dos quais participam. E as faixas do jovem batalhador se tornam mais do que informações aleatórias nos eventos, chamando muito a atenção pela qualidade artística.

“Ele consegue transmitir paixão artística em cada trabalho. Trata-se de um jovem com potencial destacado”, também elogiou o vereador cuiabano Edemir Xavier, que conhece o artista há anos. “Quando me indicaram para contratar os serviços de Edilson, como saudação (faixa) em eventos distintos, não entendi, a princípio, qual seria o referencial de seu trabalho em relação aos de outros artistas, visto que também temos muitos autônomo de destacada qualidade nesse segmento. Resolvi experimentar e fui surpreendido: o rapaz consegue sair do lugar comum, é praticamente um fenômeno talentoso no seu ramo”, elogiou o parlamentar.

Modesto, Edilson diz que apenas cumpre as prerrogativas inerentes à sua função, não há nada excepcional no seu trabalho. Não é o que as outras pessoas veem, com certeza: Edilson tem se surpreendido a partir do instante em que os elogios rasgados se tornaram repetitivos a cada entrega de encomenda. Isso já o leva a pensar na expansão do negócio, ainda com características humildes.

“Conheço esse garotão desde que era adolescente, e sempre admirei sua persistência em trabalhar. É uma pessoa maravilhosa, dedicada à família. E, sem qualquer sombra de dúvida, também é um artista das telas espichadas, digamos assim. Pessoalmente, admiro quem consegue fazer de simples faixas extensas telas artísticas, apenas à força de mensagens e símbolos de cores diversas. Trata-se de dom divino, porque nem todos conseguem conceber obras tão majestosas. E o menino Edilson, costumo chamá-lo dessa forma, faz isso brincando”, comenta Marcelino Almeida, vizinho há décadas.