GREVE: manifestantes já partem para confronto com o Exército e ateiam fogo em pneus para manter bloqueios

O Exército Brasileiro já começa a empreender linha dura para desbloquear as rodovias federais e estaduais. Mas as tropas militares têm enfrentado a resistência de milhares de manifestantes. Na Rodovia Fernão Dias, em MG, pneus foram queimados hoje (29) à chegada dos militares. Os tanques estão de prontidão

Redação Site – Os caminhoneiros e demais apoiadores do movimento grevista precisam desfazer os bloqueios imediatamente, caso contrário o Exército – em nome do controle e resgate da cidadania – pode adotar uma modalidade bem diferente dos métodos empregados pelos membros da Força Nacional de Segurança, que têm primado (até agora) pela cordialidade no trato diário com os integrantes da paralisação.

Uma eventual reviravolta operacional militar (descartada pelo próprio Exército) significa potencialmente uma coisa: o patrolamento de quantos bloqueios ainda existam nas rodovias federais/estaduais do País e a imediata prisão de todos os envolvidos. Um início de conflito já foi registrado hoje na Rodovia Fernão Dias entre manifestantes e soldados do Exército, quando pneus foram queimados, em represália à presença de militares no local.

Nada excepcional se isto efetivamente acontecer de forma maciça País afora, tendo em vista que a greve já ultrapassou todos os limites do aceitável. Está colocando em risco a própria sobrevivência das pessoas, incluindo bebês e idosos (nas Unidades de Terapia Intensiva). Aliás, muitos podem  ‘pedir bênção a Deus’ nos próximos dias por não dispor mais de logística clínica que garanta suas vidas, a exemplo de pacientes de hemodiálise, cujas sessões foram reduzidas ou simplesmente suspensas por falta de transporte. O próximo destino deles: o cemitério.

Não bastasse, assim, a morte de seres humanos para os brasileiros anônimos não serem acusados de omissos num movimento agora explicitamente da ala patronal, não dos caminhoneiros, ainda se vislumbram outros quadros sinistros nesse horizonte despatriado de ideais e compromissos com o povo, já desabastecido de tudo: produtores rurais estão falindo por não terem ração para seus animais (dezenas de milhares já morreram), enquanto frigoríficos e lojas baixam as portas sucessivamente, a cada dia de paralisação. O que implica em desemprego de milhares de assalariados, fatia minguada com a qual sustentam heroicamente suas famílias.

Também é previsível que as unidades prisionais não possam mais manter prisioneiros por falta de alimentação, estoques dos fornecedores em franco gasto por causa da interrupção do abastecimento. Nenhuma Justiça seria desumana a tal ponto.

Mas, apesar dessas distorções, os caminhoneiros insistem nos bloqueios, querem continuar a paralisação, clara afronta às medidas homologadas entre suas lideranças e o governo federal. Difícil entender como eles desejam apoio de um povo que está estrangulado por uma greve irracionalmente insensível. Se nenhum deles escuta o grito de socorro dos inocentes, é natural que os impactados pela ignorância dessa greve (Zé Povo) também não tenham ouvidos para escutar seus protestos.

ENTENDA A GREVE – Todo esse imbróglio está centralizado na política econômica de reajustes de combustíveis do governo Michel Temer: em 2016, os reajustes passaram a ser fixados pela Petrobras a partir das oscilações do dólar e do petróleo na ala internacional . A ex-presidente Dilma utilizava um método oposto, repassando tais variações de forma defasada aos valores brasileiros, disfarce que alguns economistas denominam de “pedaladas fiscais”.

O certo é que a conta chegou bem alta para o Brasil, e, na velha tática de o mais fraco sempre ser penalizado, boi de piranha, sobrou para as classes média/baixa. Ademais, a propalada redução do preço do diesel, no acordo entre governo e lideranças dos caminhoneiros, não será sequer sentida de imediato pelo consumidor, conforme os economistas. Resumindo: nem Temer está sendo o anjo salvador nem os caminhoneiros terão ganhos esplêndidos, como o governo quer fazer crer.

Por aí já se teria um rol de argumentos para que a população direcionasse apoio maciço à greve em curso, desde que o povo não estivesse morrendo e os caminhoneiros, no momento atual, nada mais fossem do que meras marionetes à mercê do comando patronal, proprietários de frotas de caminhões e ônibus.

Quanto às citadas lideranças da categoria grevista, no ato do desrespeito da ordem sindical de finalizar a paralisação, elas ficaram com cara de (…) perante o governo e a sociedade brasileira. Óbvio que já não têm domínio algum do movimento. Mais ou menos a velha máxima: “A cria superou o criador”. Então, seria elogiável que o Exército dissipasse esse mal-estar democrático e de consequências sublinhadas como aterradoras. Nenhum brasileiro entenderia tal ação como retorno da ditadura, mas o resgate de sua própria autonomia de cidadão.

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