Com a greve dos caminhoneiros, o “velório” do Brasil já prenuncia enterro definitivo da Nação
O presidente Temer determinou à Polícia para {"pacificamente") promover a desobstrução armada pelos caminhoneiros grevistas nas rodovias federais e estaduais. Quem não concordar - ou opor resistência física - vai direto pra cadeia. Difícil acreditar na candura de ações policiais com grevistas exaltados...
Por João Carlos de Queiroz – Os grevistas chutaram o balde das propostas apresentadas pelo governo federal na reunião da última quinta-feira (24) e a maioria dos bloqueios ainda continua forte por todo o País. Ao contrário do que o governo tem alardeado, os caminhoneiros não reconhecem os participantes dessa reunião como seus representantes legítimos, tampouco as medidas supostamente acordadas entre as partes. Havia esperança dos ministros e do próprio Temer de que, após o encontro, a paralisação já sofresse baixas expressivas madrugada afora, para finalmente terminar na sexta (25). Só não esperavam encontrar resistência ferrenha da maciça categoria de caminhoneiros acampada nos bloqueios, grupos em condições insalubres, movidos pelo idealismo de vitória.
Não se sabe, consequentemente, quais serão os próximos fatos ligados ao impasse. Porque, agora que o presidente Michel Temer acionou a Força Nacional de Segurança para intimidar os grevistas mais exaltados e desobstruir bloqueios nas rodovias estaduais e federais, a situação ganhou fôlego extra, e praticamente, soterrou a expectativa de que a gigantesca paralisação seria extinta em menos de 10 horas.
A realidade é que já não há um prazo tranquilo em relação a vários aspectos que estão sendo agravados por conta do desabastecimento. Se, antes, a preocupação de uma ala da população se restringia apenas à falta de combustível, agora já envolve setores antes impensáveis, pois o País simplesmente não tinha ideia de que a greve atingiria um estágio tão robusto, a ponto de paralisar até hospitais.
É um Brasil digno de vergonha dos próprios brasileiros. Um país que tem tudo de bom e, também, acalenta almas maléficas nas suas pinceladas coloridas. Muitas, aliás, em pleno exercício ilícito num momento de extrema delicadeza social, ávidas em explorar aqueles que já não têm quase nada e se agarram a migalhas. Ação criminosa praticada por uma estirpe da pior espécie, digna do repúdio geral de quem consegue enxergar mais além do lugar comum e detectar o potencial de mediocridade disfarçada em solidariedade.
Vai sobrar, lógico, para os caminhoneiros inocentes, talvez vítimas de manipulação sórdida de empresários do ramo transportador, que podem estar tentando lucrar com a desgraça alheia, segundo suspeita levantada pelo governo, assunto já no foco de investigação da PF. Explica-se: essa imposição de greve, por maior que seja o brado coletivo de resguardar gritos sociais e hastear bandeiras vitoriosas, tem também um lado hipócrita de interesse financeiro dos que podem lucrar sem sofrer. O que não livra o governo do seus pecados mortais ao autorizar reajustes descomunais de combustível, jogando sobre os ombros do trabalhador um impagável fardo tributário.
Se esta greve “é boa”, como dizem uns poucos lunáticos, mesmo privados de tudo, então o que vem por aí pode ser ainda mais atrativo, em termos da impactação do terror anunciado. O Brasil tem dessas coisas: uns aplaudem a vida e outros, sem explicação aparente, a morte. Há torcedores para os matadores de vampiro e os fãs de Drácula. O sinistro curso da economia nacional deve ter lá também seus torcedores incondicionais. Pois o enterro de uma Pátria, ora em processo de velório, tem que primar por um imaculado branco, mesmo que as flores sejam vermelhas…
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